A eleição de um líder e a legitimação da violência como causadora de sofrimento mental
DOI:
https://doi.org/10.21727/rm.v10i2.1954Resumo
Esse artigo surge da tentativa de responder algumas inquietações suscitadas a partir da polarização política que vem se desenhando nos últimos anos e os mal-estares que a proliferação do discurso segregador vem causando. Pretendemos lançar um olhar investigativo nos elementos que apoiam o discurso de violência que vemos cotidianamente nas redes sociais e nas relações sociais, a ponto de suspender os pudores que normalmente temos com pessoas amadas e colegas. Cabe também perguntar: essa alienação à um dos lados da polarização produz adoecimento mental? Lançamos mão da psicanálise, especificamente nas teorizações acerca da cultura e da formação de grupos para defendermos que, a partir da eleição de um líder, promove-se a formação de um raciocínio “nós versus eles” discriminador, que pode servir como um catalizador para o discurso de ódio e a violência. Quando confrontados com argumentos que não se alimentam do raciocínio da intolerância e da segregação, os sujeitos reagem de maneira alienada e violenta porque se deparam com a aspecto vazio e sem significação que sua filiação ao grupo representa, em última análise. Percebemos, então, que o efeito dessa alienação ao grupo produz relatos de fenômenos ligados ao trauma: o desamparo, a angústia e as passagens ao ato. A maneira de produzir alguma estratégia de modo a construir vias de sustentação da tolerância é promover o agenciamento de outros discursos, produzindo lugares de fala sustentáveis nos espaços públicos e privados, que possam remeter a plasticidades das identidades dos sujeitos.
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